quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A minha página de diário de 18/01/2011






Pensamos que a vida é cruel, nada é justo, nada faz sentido. Arranjamos sempre problemas mesmo quando não os temos, complicamos aquilo que é fácil, sofremos quando deveríamos ser as pessoas mais felizes do mundo. Aborrecemo-nos com aquilo que temos e desejamos sempre mais e mais. Somos por vezes um ser complicado, incapaz de viver feliz, aproveitar a vida e quando nos deparamos com certas situações é que muitas vezes percebemos que somos injustos.

Deveríamos estar todos gratos e felizes por termos uma família que nos apoia, que nos ajuda, que nos faz sorrir e nos constrói numa melhor pessoa, que quando caímos nos dá sempre uma mão para nos levantarmos e nos encoraja a seguir em frente. Foi preciso visitar crianças órfãs, que vivem em grupos com uma “mãe” para eu perceber a tristeza que deve ser saber que os nossos verdadeiros pais morreram, ou não nos quiseram, ou não puderam ficar connosco por variadíssimas razões. Saber que para estas crianças, futuramente, terão que aprender a viver de forma bem mais responsável, que não poderão brincar com a vida, pois não vão poder contar com a ajuda de uma família, apenas consigo próprios. Não me imaginava chegar da escola e não ter um pai e uma mãe para contar todas aquelas coisas insignificantes que consideramos problemas, mas que não o são, apenas formas de complicarmos o que é simples. Sei que estas crianças vivem com uma senhora que consideram como mãe, mas penso que é totalmente diferente de ter uma verdadeira família, pois têm que a partilhar com mais crianças e sabem que mais tarde não irão poder ficar com ela.

Estas crianças vivem numa pequena casa, partilham o quarto, os brinquedos, tiveram que aprender a partilhar tudo. Não podem viver de forma extravagante, como muitas vezes nós o fazemos, por meros caprichos. Estas crianças sabem dar mais valor áquilo que têm do que nós, estamos habituados a ter aquilo que queremos e quando não o conseguimos, fazemos birras, magoamos os outros com palavras e atitudes.

Fico feliz por haver estas casas de acolhimento, não me importaria de ser também uma “mãe” de uma casa e partilhar a minha vida com estas crianças. Apesar de tudo, são uma família como qualquer outra, unida e com objectivos de crescer feliz e criar um futuro estável.

Outro aspecto negativo que temos e que deveríamos valorizar é a saúde, ter saúde é o caminho para tudo, a chave para todas as portas. Deveríamos preservá-la e agradecer por sermos saudáveis. Estar doente, é sofrer, é perder todas as forças que tínhamos, é deixar a verdadeira vida que todos deveriam viver.

Custou-me bastante ver todas aquelas crianças, jovens e idosos, doentes, uns a um nível mais psicológico e outros a um nível mais físico. Surpreendeu-me a forma como alguns sorriam, dançavam, cantavam e comunicavam. Penso que alguns conseguem ser mais felizes que alguns de nós, pois eles apesar de tudo conseguem encontrar um objectivo para a vida e vivê-la de verdade mesmo com complicações.

Admito que tenho bastante medo de um dia poder ficar com alguma doença, de ficar longe dos meus amigos e família, internada em algum sítio, onde todos têm algum sofrimento, acho que não iria aguentar, mas prefiro não pensar assim.

O mais importante é ter esperança, acreditar que temos tudo para sermos felizes, ajudarmos os outros e nunca perdermos a coragem e todos os sonhos que vamos alimentando ao longo da nossa vida.

(Inês dos Santos Fonseca nº 14, 10ºA)

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