segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Globalização e solidariedade

Falar de hoje….É falar de todo o mundo. Então queria iniciar com uma abordagem à realidade da globalização e da importância que a solidariedade deve ter num mundo que precisa, com urgência, de também globalizar a solidariedade.
Constatou-se em alguns dados estatísticos que 80% dos recursos do mundo são consumidos por 20% das pessoas. Mais…se todos os países consumissem como Portugal, eram necessários quatro planetas terra.
Segundo dados da OMS, se reduzíssemos os mais de 6 mil milhões de habitantes da terra a mil e os reuníssemos numa hipotética aldeia global teríamos números e realidades preocupantes e interpelantes que foram sublinhados: 164 são analfabetos, 600 vivem em barracas, 750 passam fome, 60 são os donos da riqueza, 586 são Asiáticos, 253 não se identificam com nenhuma religião.
Perante esta realidade foram lançados dois desafios:
· Fome zero, egoísmo zero, generosidade mil.
· Pensar globalmente e agir localmente
Encerraram os trabalhos com a tomada de consciência de que num mundo em que o fosso entre ricos e pobres não pára de crescer é imperioso aprender que globalizar a equidade e a solidariedade é tarefa de todos, que tem também a ver com as minhas opções, os meus gestos e as minhas atitudes do dia-a-dia.
De toda a exposição ficou a ideia muito clara, de que muito mais do que lutar contra a pobreza, do que se trata hoje é de uma luta necessária e urgente contra a injustiça. É a injustiça conjuntural instalada a verdadeira geradora de novas formas de pobreza.
Ficou valorizada a necessidade de uma especial atenção, porque vivemos num ambiente: anónimo: ninguém conhece ninguém e menos ainda as suas dificuldades; Indiferente: a tudo nos habituamos e nada nos causa estranheza; gerador de injustiças: estruturais e não só conjunturais.
Para reflexão deixo um relato dum jornal:
Num belo dia a ONU (Organização das Nações Unidas), decidiu enviar aos países membros um inquérito nos seguintes termos:
” Por favor, enviem-nos a vossa opinião, com honestidade, sobre a escassez alimentar no resto do mundo.” Vejamos algumas respostas:
Resposta dos países nórdicos: “Nós não podemos responder correctamente, porque não sabemos o que é escassez!!!”
Resposta dos africanos:” Nós não podemos responder porque não sabemos o que significa alimentar-se..! Os Norte – Americanos responderam:”Nós não podemos responder, porque não sabemos o que é o resto do mundo..!”.
Os Cubanos escreveram o seguinte:”Nós não podemos responder, porque não temos opinião…”. Os Espanhóis escreveram sem cerimónia:” Nós não podemos responder porque não sabemos o que significa:”por favor”…! Quanto aos portugueses que têm fama de corruptos, escreveram:” O Parlamento continua reunido a tentar descobrir o significado da palavra honestidade..!”




António José Lopes Ferreira
Prof. de EMRC