quarta-feira, 4 de junho de 2008

Diploma de Área de Projecto DJ


As ferramentas escolheram uma carpintaria para fazer a sua reunião de Equipa. A verdade é que era ali que todos moravam e exerciam o seu ofício: o martelo, o parafuso, o serrote, a plaina, o esquadro e até alguns membros controversos, como eram a lixa e o metro. Era uma reunião importante, pois tratava-se de fazer uma sessão de discernimento de grupo para escolher o Responsável das ferramentas. Ora logo que a discussão se abriu, aconteceu que o martelo se propôs como a ferramenta mais indicada para conduzir toda a Equipa: era forte, autoritário, bom para pôr os outros no seu lugar, que era bem disso que a Equipa precisava. Mas isso foi tempo, quem é que hoje está disposto a aceitar um superior com este perfil? Um martelo que fazia um barulho ensurdecedor, que só estava bem a bater a torto e a direito, não, não podia ser, o tempo do Inquisição já passou.


O martelo baixou o cabo e concordou que hoje os tempos são outros e que talvez não fosse a ferramenta mais indicada para estar à frente da Equipa. E, apesar de estar convencido que era disso que a Equipa precisava, desistia de ser ele o sacrificado, mas exigia que não fosse o parafuso, pois este andava sempre às voltas, nunca ia direito ao assunto e assim nunca se sabia de que lado é ele estava.
Também o parafuso aceitou as reservas do martelo, mas por amor de Deus que não colocassem à frente do grupo o serrote, pois o serrote corta a direito, sem discernir o que é mau e o que ainda se pode aproveitar e muitos valores se perdem na Equipa das ferramentas por não haver Responsável que os saiba aproveitar e valorizar.


Mas também o serrote se opunha redondamente à plaina que só toca nos problemas por fora, alisa mas, ao fim e ao cabo, deixa as coisas como estão, não vai à raiz dos problemas; com uma plaina é uma monotonia de Equipa cinzenta que ninguém se impõe em nada. Muito bem: restava a lixa. Mas não, a lixa nem pensar, é áspera, raspa sem dó nem piedade, faz as feridas sangrarem ainda mais, seria um carrasco para toda a Equipa. Foi então que todos se voltaram para o metro. Mas aquele fuinhas de metro que mais parecia um pau de virar tripas que uma ferramenta de respeito, sempre esticado e convencido, com a mania de medir os outros por ele, como se ele fosse perfeito, quem é que o queria para Responsável?
Estava a discussão neste ponto, quando entrou o carpinteiro e começou o seu trabalho, ignorando toda esta briga. Pegou numas tábuas toscas, mediu-as com o metro, lixou-as com a lixa, aplainou-as com a plaina evidentemente, serrou-as com o serrote, pregou os parafusos com o martelo e daquelas tábuas toscas saiu uma bela peça de mobiliário. Quando a carpintaria ficou vazia, iam as ferramentas recomeçar com a discussão que o carpinteiro tinha interrompido, quando o esquadro, pendurado na parede, tomou a palavra e disse:
- Senhores, ficou demonstrado que cada um de nós tem defeitos mas o carpinteiro trabalha com as nossas qualidades.


E as ferramentas perceberam, então, que o martelo dava força e solidez às mobílias, o parafuso unia, o serrote cortava onde era preciso, a plaina alisava as dificuldades, a lixa limava as arestas, o metro regulava as medidas. E sentiram como já há muito não sentiam, a alegria de trabalhar juntos.Feliz o Equipa que sabe aproveitar e trabalhar com as ferramentas que tem.

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