terça-feira, 8 de abril de 2008

Os analgésicos da relação humana


Uma vez, dois homens estavam seriamente doentes na mesma enfermaria de um grande hospital. O quarto era bastante pequeno e nele havia uma janela que dava para o mundo.
Um dos homens tinha, como parte de seu tratamento, permissão para se sentar na cama uma hora durante as tardes (devido à drenagem de fluído dos seus pulmões). A sua cama ficava perto da janela. O outro, contudo, tinha de passar todo o tempo deitado de barriga para cima. Todas as tardes, quando o homem cuja cama ficava perto da janela era colocado em posição sentada, ele passava o tempo a descrever o que via lá fora.
A janela aparentemente dava para um parque onde havia um lago. Estavam patos e cisnes no lago, e as crianças iam atirar-lhes pão e colocar na água barcos de brincar. Jovens namorados caminhavam de mãos dadas entre as árvores, e havia flores e jogos de bola. Ao fundo, por trás da fileira de árvores, avistava-se o belo contorno dos prédios da cidade. O homem deitado ouvia o sentado descrever tudo isto, apreciando todos os minutos. Ouviu, como uma criança quase caiu no lago e como as garotas estavam bonitas com os seus vestidos de verão. As descrições do seu amigo eventualmente fizeram-no sentir que quase podia ver o que estava a acontecer lá fora...
Então, numa bela tarde, ocorreu-lhe um pensamento: Porque é que o homem que ficava perto da janela deveria ter todo o prazer de ver o que estava a acontecer? Porque é que ele não podia ter essa oportunidade?
Sentiu-se envergonhado, mas quanto mais tentava não pensar assim, mais queria uma mudança. Faria qualquer coisa!!!!!!
Numa noite, enquanto olhava para o tecto, percebeu que o homem que ficava perto da janela, subitamente acordou a tossir e a sufocar, a sua mão procurava o botão que fazia a enfermeira vir a correr. Mas ele observou-o sem se mover... mesmo quando o som da respiração parou. De manhã, a enfermeira encontrou o outro homem morto e, silenciosamente, levou o seu corpo. Logo que pareceu apropriado, o homem perguntou se poderia ser colocado na cama perto da janela, que agora estava disponível. Então colocaram-no lá, aconchegaram-no sob as cobertas e fizeram com que se sentisse bastante confortável. No minuto em que saíram, ele apoiou-se sobre um cotovelo, com dificuldade e sentindo muita dor, olhou para fora da janela. Viu apenas um muro...

"Valoriza as pessoas que fazem o possível para tornar a tua vida melhor."

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